A coragem - Há circunstâncias na vida em que a dignidade humana pode exigir grandes sacrifícios, isto é, heroísmo. Ninguém tem autoridade moral para exigir de outro um comportamento heróico. Cada um de nós tem essa obrigação, não porque outros lho peçam ou censurem se o não fizer, mas porque as próprias coisas lho pedem; pede-o sobretudo a dignidade humana. Neste blogue não se aceitam comentários anónimos caluniosos e difamatórios!Pelo que não nos responsabilizamos pelas opiniões anónimas!
terça-feira, 24 de novembro de 2009
"Rock e a Amiga: os escolhidos." - Parte V
Ao acabar de limpar a azeitona diz o Rock:
- Tãm comé as vidas!? O Gazela tá a nossa espera no “Diamantine”!
- Pous tá! Mas temes de metê azêtona pa drente! Pode chuvê de noute, e a azêtona só deve apanhé água depous de arretalhéda! – responde a Amiga.
Agarrando na “famel” que já conhece, de olhos fechados, as ruas do “Japão”, lá vão eles ter com o Amigo Gazela.
- Tãm comé as vidas? – pergunta o Rock.
- Cheio! – responde o Gazela.
- Altaí! Tive a temá uma ásprina que me dói um dente! – diz a Amiga.
- Por isso même! Três tintes dámetade e o assunte fica resolvide! – diz o Rock.
- Nada disse! Só tens dous dentes! Vás ali ó “Ti Alfaia” quele arrancatisse e acabouce! – exclama o Gazela.
Depois de um garrafão de tinto “mamado”, lá vai o Rock, com um olho aberto e outro fechado, com Amiga na “famel”. Chegados à rotunda do cinema, grita o Rock:
- Adonde vames comprá a bóia de toucinho?! Ó Meguel, o Marché, ó Mine Prêce ou ó Jana?!
- Tu é que sabes!- responde a Amiga.
E sem saber onde ir, o Rock continua com um olho aberto e outro fechado, a dar voltas à rotunda. Do nada, aparece uma luz, dizem eles, e o tombo foi brutal. Estupefactos rapidamente se levantaram e, interroga o Rock:
- Tu tás a vê o même quê tou?
- Nim sê se tôu, se num tou! – responde a Amiga amedrontada.
E do cimo dos “arbustos mal amanhados” da rotunda se ouve uma voz feminina:
- Escutai-me!
O Rock e a Amiga petrificados com respeito silenciaram.
- Vós sois os escolhidos para salvar a honra da Notável Vila de Nisa. Há mil anos, houve uma grande batalha entre dois irmãos, muito conhecidos por Portugal em Nisa-a-Velha, por causa da disputa do trono. Hoje decidi, que dois irmãos, deveriam restabelecer a ordem, no local onde a mesma ordem se perdeu…
Vós sois os escolhidos! Porque vós sois cúmplices da degradação de um povo tão amado e genuíno, os Nisenses! Vós que passais a vida inteira num mundo paralelo!
Vós que tomais vinho a toda a hora, bem como a maioria da Vila. Vós que passais todo o tempo adormecidos para a realidade da vida, da Notável Vila de Nisa. Tendes o dever, porque o povo confia em vós, de mudar esse destino…
Dentro do vosso coração reina a verdade, por isso, escolhi-vos! Escolhi-vos porque conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças! Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam Nisa! Acolhei o meu pedido, dirigido ao vosso coração. Tomai sob a vossa protecção materna a família de Nisa inteira, que, com enlevo afectuoso, eu vos confio. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança. Ide e levai essas palavras convosco e modifiquem-se… - sensibilizou a voz feminina.
E de repente:
- Mas o que é que se passa aqui?! Que faz a “famel” e a geleira, aqui no meio da rotunda? – pergunta um policia.
- Oulhe senhô pulicia, isse queriimes nós sabê?! O senhô num vi nada?! – pergunta a Amiga.
- Ver não vi! Caso contrário, já me estavam acompanhar à esquadra. – responde o policia. – Vamos mas é a tirar isso tudo daqui, pois está a interromper o trânsito.
E pegando na “famel” pela mão, lá vão o Rock e a Amiga directos ao “Jaquim Capoeiras”. E pergunta o senhor Joaquim:
- Qué que vai?!
- Oulhe! Fomes avisades para nom bebê vinhe! Mas se houvé mines fesquinhas, são duas! – diz a Amiga, que virando-se para o Rock pergunta:
- Tãm mas tu num dizes nada de nadinha?
- Digue! Digue-te que aquela voz, levou-me a bubedeira toda! E num deviimes bebê nada até num sabêmos o qué quéra aquile! Pode sê munta cousa! Aquelas cousas que vêim do espace, come o outre diz que vi à uns tempes atrás! Pode sê a nossa santa que aparecê a D. Denis, e come pode tê side do vinhe! E sabes qué quê tou a pensá?! Iste podia dá negóce! Com tanta pedra aqui no rossi, fazemes uma catedral ali aonde se imprestim os livres, comprames as lojas todas aqui à volta e vames fequé indenhêrédes! – pensa o Rock em voz alta.
- Temes di tirá as duvedas! Num bebemes más vinhe! Se fô do vinhe, num volta a dá! Se forim lá os outres do espace, eles voltim, de certeza queles voltim!
E amanhã vames à missa, se fô a “Senhora” ela adenes dá um senel. – aconselha a Amiga.
No dia seguinte, depois de um pequeno-almoço bem reforçado, com uma morcela, um pão de quilo e duas minis, lá vão o Rock e Amiga muito deprimidos à missa. Quando entraram na igreja, não sabendo porquê, olharam todos para trás. Até parece que não é normal! Estavam, o Rock e Amiga sentados há quase dez minutos, quando se inicia a dita missa e lá se levantaram. Depois de muito se levantarem e de muito se sentarem, diz o Rock:
- Com esta ginásteca toda, despachavimes a azêtona num dia!
- Tá calade e cala-te! A gente vei aqui vê do senel. E lá tás tu sempre a pensá nazêtona e no negóce!
Chegado o momento da eucaristia, o Rock e a Amiga num momento reflectivo, esperavam o sinal. De repente, o Rock começa a ficar “branco como a cal da parede” e senta-se. A Amiga apercebe-se que algo não está bem com o Rock e pergunta:
- Tãm home! Qué que tu tens? Tás branque! Não me digas que viste o senel?
- Sê vi o senel?! Vi! E vi-o bem! Vi que nã é a Nossa senhora! Se fossa ela ele já nãm bebia vinhe há munte mais tempe que ê!
Acabada a missa, vão o Rock mais a amiga direitinhos ao Kaeiru’s Caffé. Desconsolados da vida, lá iam à procura do amigo Gazela. E quem é que haveria de lá estar? O amigo Gazela. E diz o amigo Gazela:
- Tãm, onde é que têm andado?!
- Nim nesdigas nada! Nim me quer limbrá da últema vez que tevemes cuntigue! Mas pele menes uma certeza temes! – diz a Amiga.
- Tãm o que é que vai?! – pergunta o Caeiro.
E o Rock e a Amiga respondem gritando ao mesmo tempo:
- TINTO! CHEIO!
“ Não percam o próximo episódio, porque nós também não!”
PS- Este texto é fictício, pelo que assumimos que foi escrito respeitando todas as crenças. A intenção é criar sátiras genuínas alentejanas! Jamais ofender alguém.
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Tá visto que só o Rock e Amiga é bebem vinho e vêem coisas...hiihihi
ResponderEliminareste blog é muita fixe
ResponderEliminaracho que devia continoar assim
algo está errado...
ResponderEliminaro gazela a dizer cheio???? a beber uns tintos no Kaeirus??
hum....
não será mais tipo:
- FRESCAS!!!
minis sagres..........